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Inspirare... Joana Rodrigues

 

A Mensageira



Textos

 
       
Marina

Acordei com um pulo, do simples barulho suave da brisa, olhei para janela, o pano de fundo de rochas e praias desenhava um arco até a escuridão; onde a silhueta do escuro se erguia como uma sentinela, no alto da montanha. Algo ainda me sufocava. Tentei sair para ver se o ar que me prendia podia-se respirar, não sabia onde estava, estava perdida... Avistei o abismo.
Escutei um som estranho, que 
palpitava além do meu campo de visão, escutava murmúrios metálicos como se fossem uma persiana agitada. O chão de terra fresca transpirava umidamente. Depois veio a chuva, a condensação daquelas nuvens sangrava gotas invisíveis na escuridão; um cheiro fantasmagórico de perfume e madeira velha, flutuava nas sombras.
Avistei outra casa de longe... Me aproximei dela... Ficava logo em frente ao meu posto de observação. Entrei na casa... Percebi que não estava só, avistei um indivíduo que parecia já estar me esperando, eu estava tremendo, mas, minha inocência fez com que eu não temesse, perguntei onde estava, e ele respondeu:
- Aqui estão suas lembranças, seus sentimentos, sua vida, suas iulsões, sua ausência, suas decepções, seus sonhos que nunca mais se realizarão, seu amor não correspondido... Tudo está dentro de mim, preso para sempre.
No corpo dele, haviam inscrições de toda minha vida; em suas costas, havia um símbolo que parecia um pássaro negro de asas abertas, porém, estava preso em uma gaiola, parecia mais, uma ferida semiaberta, esculpida a punhal.
Trocamos olhares mudos, estava com uma ponta de medo na voz. Diante dos meus olhos atônitos, ele despiu meu vestido; logo, estendeu as mãos até o meu rosto, me acariciou... Senti suas mãos entrelaçando-se em meu corpo, e percorria minha face, meus lábios, minha garganta, ele lia minha beleza e minha perfeição, com seus dedos trêmulos e desejosos.
Engoli em seco, sorri por inocência. Meus olhos já não podiam mais chorar...Ele fechara meus olhos com seu beijo, e eu dormi... Para sempre.
Clara Tamires
 
           
 
Clara Tamires está despontando para a literatura, como um broto, ainda prematuro para a vida, porém, madura o bastante para a arte de criar... A existência como co-autora da sua inspiração, muito contribuirá para o seu sucesso.
Fiz questão de postar o seu conto, que, para mim, é extraordinário, nascido de uma menina de quinze anos... Como incentivo e como confiança, de que, ela pode ir muito mais longe.

CLARA TAMIRES
Enviado por JOANA RODRIGUES em 15/12/2012
Alterado em 04/05/2015
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